A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) encerrou oficialmente as negociações com Carlo Ancelotti, frustrando o plano de contar com o técnico italiano na Seleção Brasileira. O motivo? Um obstáculo previsível, mas ignorado pela entidade: o Real Madrid. Mesmo após um acerto com Ancelotti, a diretoria do clube espanhol se recusou a pagar a multa rescisória, já que o treinador tem contrato até junho de 2026. Com isso, a CBF foi forçada a recuar.
O curioso é que a própria diretoria do Real Madrid passou a considerar a saída antecipada do treinador após os maus resultados da temporada. A eliminação na Champions League e a derrota para o Barcelona na Copa do Rei fizeram o clube avaliar uma troca no comando técnico. Ainda assim, a CBF não conseguiu aproveitar o momento para finalizar o acordo, escancarando mais uma vez a falta de articulação da entidade nos bastidores.
Uniforme polêmico reforça confusão institucional da CBF
Enquanto fracassava na tentativa de contratar um treinador de ponta, a CBF se envolvia em outra polêmica — desta vez com o uniforme da Seleção. O portal Footy Headlines divulgou imagens do que seria o segundo uniforme do Brasil para a Copa do Mundo de 2026, com cores fora do tradicional padrão verde-amarelo.
Rapidamente, a repercussão negativa tomou conta das redes sociais, forçando a CBF a emitir uma nota oficial. Inicialmente, a entidade reafirmou o compromisso com seu estatuto, que proíbe o uso de cores que não estejam na bandeira nacional em jogos oficiais. No entanto, horas depois, voltou atrás e garantiu que as cores tradicionais seriam mantidas. A contradição pública expôs mais uma vez a falta de alinhamento interno na comunicação da entidade.
Em meio ao caos, CBF exibe números bilionários
Apesar dos tropeços institucionais, a CBF divulgou um balanço financeiro com resultados históricos. Em 2024, a receita da entidade superou R$ 1,5 bilhão — um crescimento de 17,6% em relação ao recorde anterior. A alta foi puxada por aumentos expressivos em transmissões (+35%), receitas comerciais (+46%) e bilheteria (+23%).
Com mais dinheiro em caixa, a CBF também elevou os investimentos no futebol: mais de R$ 1 bilhão foram aplicados na atividade-fim da entidade, um salto de quase 54% em comparação à média das três temporadas anteriores. Somente os investimentos em competições e apoio ao futebol estadual somaram R$ 734 milhões.
Além disso, a CBF fechou o ano com um superávit de R$ 107 milhões e viu suas disponibilidades financeiras saltarem 134%, atingindo R$ 2,4 bilhões — impulsionadas pela renovação do contrato com a Nike até 2038, que injetou R$ 1,3 bilhão em caixa.
Contradições planejamento esportivo em ruínas, mas cofres cheios
O contraste entre a desorganização institucional e os resultados financeiros positivos escancara uma CBF com recursos abundantes, mas sem direção clara no campo esportivo. A perda de Ancelotti, as idas e vindas com o uniforme da Seleção e a falta de coerência nas decisões mostram que, mesmo nadando em dinheiro, a entidade ainda precisa resolver problemas estruturais e de gestão para recolocar o futebol brasileiro no topo.