O ex-presidente da FIFA, Sepp Blatter, e o ícone do futebol francês, Michel Platini, estão programados para comparecer a um tribunal na Suíça nesta segunda-feira (03/03), enfrentando acusações de fraude – mais de dois anos após terem sido inocentados. A nova audiência, que ocorre após um apelo do promotor federal suíço, revisita um caso que envolve um pagamento controverso de 2 milhões de francos suíços (cerca de US$ 2,22 milhões) feito a Platini.
Em 2022, ambos os dirigentes haviam sido absolvidos por um tribunal inferior suíço, após uma investigação de sete anos. No entanto, o promotor federal suíço recorreu da decisão, o que resultou em uma nova audiência na Câmara Extraordinária de Apelações do Tribunal Penal Suíço, localizada em Muttenz, perto da cidade de Basileia. O promotor afirmou que entrou com um recurso formal em outubro de 2022, buscando a anulação da sentença de primeira instância.
A acusação de fraude, que surgiu em 2022, alega que Blatter e Platini enganaram a FIFA entre 2010 e 2011, ao afirmar falsamente que o órgão dirigente do futebol mundial deveria pagar 2 milhões de francos suíços ao francês, então presidente da UEFA. O caso gira em torno de um pagamento considerado indevido, feito sob a alegação de que Platini teria prestado serviços de consultoria à FIFA, algo que a acusação considera falso e fraudulento.
Este episódio abalou as aspirações de Platini de suceder Blatter na presidência da FIFA. Blatter renunciou ao cargo em 2015 após ser envolvido em um escândalo de corrupção separado. Ambos os dirigentes foram suspensos pela FIFA em 2015 por violações éticas, com penas inicialmente de oito anos, mas posteriormente reduzidas.
Apesar das acusações, Blatter e Platini foram inocentados em 2022, quando o tribunal de primeira instância considerou que o pagamento entre os dois estava baseado em um “acordo de cavalheiros”, sem indícios claros de fraude. O juiz responsável pelo caso expressou sérias dúvidas sobre as alegações da promotoria, que não conseguiram comprovar que o acordo fosse criminoso.
Agora, o promotor federal suíço busca uma sentença de 20 meses de prisão, com a pena suspensa por dois anos, para Blatter e Platini. Durante uma entrevista antes da audiência, Blatter, que presidiu a FIFA por 17 anos, afirmou se sentir alvo de uma “caça às bruxas”. Ele se mostrou confiante de que o tribunal confirmará a decisão anterior, destacando que o contrato entre ele e Platini estava correto. “Estou completamente confiante de que serei inocentado, sou um homem honesto”, disse Blatter.
Por sua vez, Platini, três vezes eleito Jogador Europeu do Ano, também demonstrou otimismo em relação ao veredito. Seu advogado, Dominic Nellen, reafirmou a legalidade do pagamento de 2 milhões de francos e garantiu que Platini nega qualquer conduta criminosa. “Ele está tranquilo e confiante de que será absolvido nesta audiência de apelação”, afirmou o defensor.