O sindicato global dos jogadores de futebol, FIFPro, fez um apelo à FIFA para que aumente a duração dos intervalos e revise os horários das partidas da Copa do Mundo de 2026, a fim de proteger os atletas dos efeitos do calor extremo. A solicitação vem após as duras condições climáticas enfrentadas na atual Copa do Mundo de Clubes, disputada nos Estados Unidos, que expuseram os riscos do calor intenso sobre o desempenho e a saúde dos jogadores.
Segundo a FIFPro, o torneio em andamento deve servir como um “alerta claro” para a FIFA quanto à programação de partidas em altas temperaturas. Em relatório recente, a entidade identificou que seis das 16 sedes da Copa de 2026 apresentam “risco extremamente alto” de lesões por calor – entre elas, Miami, uma das cidades-sede do Mundial de Clubes.
“Este torneio é provavelmente um bom alerta para que todos analisem a programação dos jogos em torneios futuros”, afirmou Alexander Bielefeld, diretor de política e relações estratégicas da FIFPro.
Queixas dos atletas e condições extremas
Durante o Mundial de Clubes, partidas têm sido realizadas ao meio-dia ou às 15h (horário local), justamente nos horários de maior calor. Jogadores como Marcos Llorente, do Atlético de Madrid, reclamaram das condições severas após a derrota para o PSG por 4 a 0 em Pasadena. “Um calor terrível, impossível de jogar”, disse o espanhol.
Além do Mundial de 2026, a preocupação também se estende à edição de 2030, que será realizada no verão do hemisfério norte, com jogos previstos em Espanha, Portugal e Marrocos.
FIFPro sugere mudanças nos intervalos e pausas mais frequentes
Diante do cenário, o diretor médico da FIFPro, Vincent Gouttebarge, sugeriu que o intervalo dos jogos seja estendido de 15 para 20 minutos em condições de calor extremo, além da adoção de pausas de resfriamento mais frequentes e curtas, a cada 15 minutos, para garantir a hidratação adequada dos atletas.
Gouttebarge afirmou que os atuais protocolos de pausa, realizados aos 30 minutos de cada tempo, não são suficientes para enfrentar as temperaturas elevadas.
Medidas adotadas e limitações do sindicato
Apesar das críticas, o sindicato reconheceu alguns avanços da FIFA no Mundial de Clubes, como a oferta de mais água e toalhas geladas à beira do campo. No entanto, o secretário-geral da FIFPro, Alex Phillips, admitiu que a organização não tem poder formal de veto sobre os horários das partidas.
“Nós pedimos para não iniciar jogos em determinados horários, mas não temos poder de veto. Vamos continuar tentando influenciar, mas sem autoridade coercitiva”, disse Phillips. Ele explicou que os horários das partidas também são definidos pensando na audiência europeia em horário nobre, o que limita a margem de negociação.
Clima, atrasos e regras dos EUA
Além do calor, outro fator tem impactado o andamento do Mundial de Clubes: as interrupções por tempestades. Seis partidas já sofreram atrasos devido às leis estaduais dos EUA, que exigem a paralisação de eventos ao ar livre diante da possibilidade de raios.
A FIFPro entende que, embora esses atrasos causem frustrações, a prioridade deve continuar sendo a saúde e a segurança dos jogadores. “Essas são exigências legais em alguns estados. Temos que trabalhar com elas”, afirmou Bielefeld.