O Football Supporters Europe (FSE), maior grupo de torcedores da Europa, pediu à FIFA que suspenda imediatamente as vendas de ingressos para a Copa do Mundo 2026, acusando a entidade de impor preços considerados “extorsivos” e capazes de afastar os fãs do torneio.
Preços astronômicos e impacto nos torcedores
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (11), a FSE afirmou que os valores destinados às seleções atingiram níveis “astronômicos”. Segundo a entidade, um torcedor que acompanhasse sua seleção desde a fase de grupos até a final teria de desembolsar pelo menos US$ 6.900 (mais de R$ 37 mil) — quase cinco vezes o valor cobrado na Copa do Mundo de 2022, no Catar.
Além disso, os torcedores são obrigados a pagar o valor total já no início de 2026 para garantir o direito de comprar ingressos até a final.
Categoria 4 e precificação dinâmica
Outro ponto polêmico é a exclusão da Categoria 4, faixa de preço mais baixa, dos pacotes destinados às seleções. Esses ingressos foram reservados pela FIFA para o público geral e estarão sujeitos à precificação dinâmica, o que pode elevar ainda mais os custos.
Para a FSE, essa decisão representa uma “traição monumental” à tradição da Copa do Mundo e ao papel dos torcedores que viajam para criar o clima único do torneio.
Taxas e revenda de ingressos
Nesta semana, os preços subiram quase US$ 2 mil em relação a outubro. Além disso, a FIFA criou uma chamada “taxa de retorno”, de US$ 10, cobrada quando o time não avança de fase e o torcedor perde o direito ao ingresso.
Outro alvo de críticas é o esquema de revenda oficial: a entidade permite que torcedores repassem ingressos em sua própria plataforma, mas cobra 30% sobre o valor da revenda — prática que, segundo a FSE, transforma a FIFA em “cambista de si mesma”.
Ingressos mais caros da história
De acordo com o diretor executivo da FSE, Ronan Evain, “para a final, os ingressos estão chegando a cerca de US$ 4 mil. Você precisa dos torcedores, precisa da vida nas arquibancadas, das cores, do clima. Com esses preços, nada disso vai acontecer”.
Pela primeira vez em uma Copa do Mundo, não haverá preços padronizados para todos os jogos da fase de grupos. A FIFA adotará valores variáveis com base em critérios pouco claros, como a “atratividade” da partida, o que pode gerar cobranças diferentes para torcedores de seleções distintas na mesma fase.
Impacto nas famílias e pedido de suspensão
Evain destacou que a nova estrutura inviabiliza a participação de muitas famílias. “Estamos falando de cerca de US$ 30 mil para uma família de quatro pessoas. A grande maioria dos torcedores não tem condições de pagar isso. Nem mesmo na Europa”, afirmou.
Diante desse cenário, a FSE pediu que a FIFA suspenda imediatamente a venda de ingressos das PMAs e abra consultas com associações membros, grupos de torcedores e demais envolvidos, “até que se encontre uma solução que respeite a tradição, a universalidade e a importância cultural da Copa do Mundo”.



