A relação entre Vasco da Gama e Crefisa, que parecia encerrada, ganhou um novo capítulo nesta semana. O empréstimo de R$ 80 milhões firmado entre as partes reacendeu a ligação entre dois nomes importantes do futebol brasileiro: Pedrinho, presidente do Vasco, e José Lamacchia, dono da instituição financeira.
Nos últimos dois anos, o nome da Crefisa esteve frequentemente associado ao clube carioca. Isso se deve, em grande parte, à amizade pessoal entre Pedrinho e Lamacchia, que chegou a abrir portas para negociações envolvendo os naming rights do novo São Januário. Em janeiro de 2024, chegou-se a um acordo verbal, noticiado pelo ge, mas as tratativas não avançaram.
Com o tempo, a Crefisa passou a demonstrar interesse em outras áreas do complexo vascaíno, como a piscina e a academia, em um modelo semelhante ao aplicado no Centro de Treinamento do Palmeiras.
Entretanto, o foco das conversas mudou quando José Lamacchia iniciou tratativas com a 777 Partners para adquirir 70% das ações da SAF do Vasco, então sob controle da empresa americana. Apesar do avanço financeiro nas negociações, o negócio acabou travando devido a um possível conflito de interesses com Leila Pereira, presidente do Palmeiras e esposa de Lamacchia.
De acordo com apurações, o empresário chegou a oferecer cerca de US$ 110 milhões, enquanto a 777 Partners pediu US$ 120 milhões. A principal divergência, no entanto, foi a forma de pagamento: os americanos queriam o valor à vista, enquanto Lamacchia propunha o pagamento em duas parcelas.
Como consequência, a pressão sobre Leila Pereira aumentou dentro do Palmeiras. A oposição classificou a negociação como um caso de “alarmante conflito de interesses”, levando Lamacchia a se retirar das conversas para evitar qualquer tipo de repercussão negativa.
Apesar das especulações, nenhum dos envolvidos — Lamacchia, Leila Pereira ou Pedrinho — confirmou oficialmente as tratativas. O mais próximo disso ocorreu quando Pedrinho admitiu a amizade e o respeito profissional pelo empresário, destacando o desejo de Lamacchia em contribuir com o Vasco:
“Sou um amigo muito íntimo do seu José Lamacchia, e a Leila para mim é uma referência em gestão esportiva e coragem. Seu José Lamacchia tem muito interesse em ajudar o Vasco, e a Crefisa é uma empresa séria no mercado”, declarou o presidente vascaíno à época.
Com o passar dos meses, a frustração pelo desfecho das negociações deixou marcas em São Januário. Pedrinho chegou a afirmar, em entrevista à TNT Sports, que preferia não citar mais os nomes de Lamacchia e Leila Pereira, sinalizando um certo desconforto com toda a situação.
“Eu prefiro não citar a Leila, nem o Lamacchia. Muita coisa acontece, e às vezes eu prefiro passar por errado na história”, afirmou o dirigente.
No entanto, nesta quarta-feira (02), Pedrinho voltou a mencionar o nome de Lamacchia publicamente após o acordo de empréstimo de R$ 80 milhões com a Crefisa, destinado a ajudar nas despesas correntes da SAF do Vasco.
Em nota ao ge, o presidente destacou que mantém um “excelente relacionamento” com o empresário e detalhou como se deu a escolha da instituição financeira:
“O Vasco, por meio de seus assessores financeiros, buscou o mercado e interagiu com mais de 60 instituições. Destas, 40 assinaram acordos de confidencialidade para discutir e aprofundar os detalhes das possíveis operações. Ao final, recebemos cinco propostas firmes, sendo a Crefisa a que apresentou as melhores condições.”
Pedrinho ainda ressaltou que, além do empréstimo, a empresa disponibilizou recursos para projetos incentivados do clube associativo, fortalecendo a parceria entre as partes:
“Seguimos firmes, com responsabilidade e transparência, como sempre nos comprometemos junto à torcida vascaína.”
